quinta-feira, 11 de junho de 2009

“Ribeira de Frades foi e é terra de gaiteiros”


A população juntou-se para ouvir grupos de todo o país e da Galiza. Para o
ano, o grupo da terra já tem encontro marcado do lado de lá da fronteira
«Não há coisa melhor que isto!» Olímpia Almeida assistia ontem à tarde ao terceiro Encontro de Gaiteiros, que decorreu em Ribeira de Frades, e que juntou 11 grupos de vários pontos do país e da Galiza. A animação começou logo pela manhã, com arruadas pelas ruas da freguesia, após a recepção dos músicos. A assistir pela primeira vez, Olímpia estava rendida: «ainda só vi três, mas tocam todos muito bem, estou a gostar muito».

O largo do Rossio, onde decorreu a actuação dos grupos, não estava cheio, mas foi ficando bem composto à medida que os sons dos gaiteiros iam penetrando nas ruas da terra e chamando a população, que se juntou para assistir. Os músicos arrancaram palmas alegres ao público, e houve mesmo quem arriscasse um pezinho de dança ao som da gaita-de-foles e dos bombos, que pedia bem menos fôlego do que a quem pisava o palco.

Jorge Veloso, presidente da Junta de Freguesia e responsável pela organização do encontro, explica que a ideia surgiu porque «Ribeira de frades foi e é terra de gaiteiros, sempre teve uma tradição muito forte, e é salutar preservar esses hábitos». O presidente refere que «não é fácil manter este tipo de iniciativas, porque há cada vez mais encontros, e torna-se muito difícil para os grupos conseguirem conciliar a participação em todos». Ainda assim, garante Jorge Veloso, «vai-se fazendo para que este tenha sempre cada vez mais qualidade». Até porque, aponta, «como se pode ver a população gosta e adere às nossas actividades».

Entre o público, a animação foi uma constante, e para desmistificar ideias de competição, os grupos aproveitavam para trocar entre si dicas e truques. Ainda assim, um dos participantes não deixou passar a oportunidade de atirar uma piada: «já que os nosso vizinhos galegos vêm cá copiar as nossas músicas, nós vamos tocar uma composição do Alentejo». Francisco Pimenta, da Associação Gaita-de-Foles, de Lisboa, grupo que conquistou rasgados elogios de quem ouvia, considera que «os encontros são muito importantes para a revitalização da gaita-de-foles em todo o país». O músico conta que «a troca de histórias, experiências e até reportório é bom para todos, que aprendemos uns com os outros».

De um desses encontros, surgiu o convite a dois grupos da Galiza para que marcassem presença no Encontro de Gaiteiros de Ribeira de Frades, que assim se internacionalizou este ano pela primeira vez. O presidente da junta explica que «agora, trazem eles o que se faz noutros países, e para o ano o grupo da terra irá à Galiza». Jorge Veloso entende que a iniciativa «só traz vantagens», porque «alargamos horizontes, particularmente com os nossos vizinhos».

Francisco Pimenta também apoia esta ideia: «é bom olharmos à volta e procurar semelhanças, até para que os portugueses compreendam qual é o seu lugar e importância neste tipo de música tradicional».

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