sexta-feira, 17 de julho de 2009

“Gang das ourivesarias”julgado em Condeixa


Cabecilha, que ontem começou a ser julgado juntamente com outro
colega de assalto, foi classificado como “inteligente, frio e meticuloso”

Dois dos sete cidadãos de Leste acusados de vários assaltos a ourivesarias começaram ontem a ser julgados no Tribunal de Condeixa. Ionut, de 37 anos, o alegado cabecilha do “gang das ourivesarias”, e Victor, também ele do grupo, estão acusados dos crimes de roubo e associação criminosa, pelo assalto a uma ourivesaria em Condeixa, em Novembro de 2004. Mas estão também indiciados da prática de muitos outros assaltos em todo o país.

Três dos “colegas” dos arguidos já foram julgados e condenados, em 2006. Estes apenas foram agora por se terem, durante algum tempo, evadido do Estabelecimento Prisional de Coimbra, assim como os restantes dois, que ainda se encontram a monte.

Ontem, no Tribunal de Condeixa, o colectivo de juízes, presidido por Maria do Carmo Ferreira, ouviu, via videoconferência, o proprietário da ourivesaria Almeida e a esposa, que, apesar de se encontrarem no estabelecimento na altura do assalto e dos assaltantes terem agido com cara descoberta, disseram não conseguir reconhecer nenhum dos arguidos. Confirmaram, contudo, que eram três os indivíduos envolvidos, que não falavam português e, enquanto um ameaçava o proprietário com a arma, os outros partiram as montras e fizeram a “limpeza” à ourivesaria. Saíram depois, explicaram ainda, numa viatura que os aguardava, seguida de uma outra, que não conseguiram identificar. Apesar da perigosidade com que o gang é classificado - houve, de resto, um forte dispositivo de segurança durante o julgamento – os proprietários afirmaram não ter havido violência física, apenas ameaça, e o assalto decorreu de forma muito rápida, em «dois, três minutos».

A rapidez do assalto justifica-se, de algum modo, com a organização do grupo que, recorde-se, está indiciado pela prática de assaltos a ourivesarias em Alenquer, Carnaxide, Mem Martins, Benavente, entre outras. Um dos três inspectores da PJ ontem ouvidos afirmou até que o gang preparava tudo «com muito pormenor». Chegou mesmo a dizer que o cabecilha, ontem em julgamento, é um homem «extremamente inteligente, frio e meticuloso».

Travados antes
de assalto em Gaia
O assalto à ourivesaria Almeida, em Condeixa, que aconteceu a 11 de Novembro de 2004, permitiu o início das investigações que culminaram em Vila Nova de Gaia, precisamente no momento em que o grupo se preparava para novo assalto a uma ourivesaria. Ontem, durante a sessão, três inspectores da PJ explicaram o “modus operandi” e a forma como conduziram as investigações que permitiram chegar aos indivíduos em causa. Escutas telefónicas e imagens captadas pela câmara de vídeo da área de serviço de Aveiras foram algumas das formas de identificação dos indivíduos. O reconhecimento de uma viatura permitiu chegar à conclusão que esta tinha passado, pouco depois do assalto em Condeixa, na área de serviço de Aveiras. Além disso, a PJ conseguiu o número de telemóvel de um deles (que se confirmou ser do líder) e, através de registos, constatou que esse mesmo telemóvel tinha estado em Condeixa no dia do assalto. Daí, explicaram ainda os inspectores, chegaram aos números dos restantes elementos e, a partir de então, todas as chamadas foram controladas. Através deste controle, a PJ apercebeu-se da preparação do assalto em Gaia, que não chegou a concretizar-se porque foram detidos. Mas, ainda assim, o gang chegou a estar em Gaia, num café, à porta da ourivesaria que se preparava para assaltar, munido de luvas, armas e outro material que seria utilizado durante o assalto.

Na viatura identificada como sendo utilizada pelos assaltantes, um BMW, os investigadores encontraram indícios biológicos que uma especialista do Laboratório da Polícia Científica, ontem ouvida em tribunal, confirmou serem dos indivíduos, através de análise de ADN a pontas de cigarros, luvas e cabelos encontrados num boné.

FONTE

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