terça-feira, 4 de novembro de 2008

Lota da Praia de Mira não tem licença nem controlo veterinário


Lota, armazéns e posto de vendagem ainda não têm vistoria nem licença. Pescadores da Praia de Mira ainda não usufruíram do equipamento

Seis meses depois da inauguração (com pompa, circunstância e com a presença do secretário de Estado da Agricultura e Pescas, Luís Medeiros Vieira), a lota, armazéns e posto de vendagem da Praia de Mira, ainda não está em funcionamento. O Diário de Coimbra apurou ontem que, passado todo este tempo, os cinco armazéns e posto de vendagem do pescado da arte xávega da Praia de Mira ainda não possui licença de funcionamento, ainda não foi alvo de qualquer vistoria por parte da Direcção-Geral de Pescas e Agricultura (DGPA) e, por isso, ainda não foi atribuído a esta lota «o número de controlo veterinário», disse ontem ao DC fonte da Docapesca, empresa que gere esta lota. Significa isto que as oito empresas (companhas) que laboram na Praia de Mira na arte xávega, «continuam a funcionar como antigamente», revela a nossa fonte, ou seja, estiveram toda a época (forte) da pesca, durante o Verão, a vender o pescado no areal da praia e a depositá-lo nos armazéns, embora estes só agora comecem a estar equipados com câmaras frigorificas e máquinas apropriadas para a laboração…, mas quando estiver licenciada para tal.
«A lota foi-nos entregue em Maio e tem estado a sofrer algumas alterações e a receber o equipamento adequado», revelou ao nosso Jornal uma responsável da Docapesca. Equipamentos que vão desde maquinaria, sinalética, câmaras frigoríficas, balcões… que estão a chegar à lota a “conta gotas”, o que terá atrasado o processo burocrático de vistoria às instalações e atribuição do respectivo licenciamento e número de controlo veterinário.
«Está quase tudo concluído e a meados deste mês vamos solicitar a vistoria à Direcção-Geral das Pescas», admite a nossa fonte da Docapesca, explicando que se a referida vistoria for positiva, a lota da Praia de Mira poderá estar a funcionar «a partir do próximo mês».
Quem também confirma esta situação “anómala” é António Macedo, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte, que em tom irónico considera a situação «normal».

Uma das maiores do país
«Seis meses é, realmente, muito tempo. É o retrato do país que temos. É normal!», alegou aquele sindicalista, dizendo, depois, mais a sério: «Mesmo admitindo que possa haver algum atraso no licenciamento da lota, meio ano é demais».
António Macedo também confirmou que os pescadores (96) das oito companhas da Praia de Mira «estiveram toda a época a trabalhar nas mesmas condições de antigamente» (a arte xávega vai de Março a Setembro/Outubro) e a lota, recorde-se, foi inaugurada em Maio.
O coordenador do sindicato dos pescadores tem outra preocupação, que é, diz, «comum a outras lotas», revelando temer que depois da atribuição do número de controlo veterinário à lota da Praia de Mira, «a Docapesca a entregue [lota] a um concessionário e vá para lá gente que não tenha nada a ver com a pesca».
Finalmente, recorde-se que na ocasião da inauguração do equipamento, o secretário de Estado das Pescas, Luís Medeiros Vieira, disse que este investimento (um milhão de euros repartidos entre fundos comunitários, Estado e Câmara de Mira) «contribui para melhorar as infra-estruturas da pesca artesanal» na Praia de Mira e que esta nova lota e posto de vendagem (entre as 56 existentes) «é uma das maiores do país».

FONTE

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