terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Dador compatível é o grande desejo de família de Vila Nova de Anços

Isabel Mendes só tem desejo para 2009: que o filho encontre um dador compatível, de forma a tornar possível um transplante de medula, que lhe salve a vida e garanta o futuro.
O jovem, de Vila Nova de Anços, concelho de Soure, padece de leucemia. A doença foi-lhe detectada no princípio do ano. «Andava pálido e sem forças», recorda a mãe, que o levou ao médico, o qual, depois dos necessários exames, acabou por dar à família o pior dos diagnósticos: leucemia, para a qual a única solução é realização de um transplante de medula, que deveria ser feito até ao final do ano. Já foram várias as sessões de quimioterapia a que o jovem foi submetido, mas o problema apenas foi momentaneamente minorado. A solução passa, necessariamente, por um transplante, que ainda não foi possível.
Optimista, Isabel Mendes continua a acreditar que é possível encontrar um dador, que salve o futuro do seu filho e para 2009 apenas tem um desejo. As lágrimas e a emoção cortam-lhe a voz, mas juntamente com as 12 passas, ao som das últimas 12 badaladas do ano, Isabel só tem um pensamento: encontrar um dador compatível para o filho.
A espera tem sido longa e morosa, mas a mãe mantém acesa a chama da esperança, apesar do insucesso de todas as campanhas que já se realizaram. E foram muitas. Ao todo terão sido mais de seis mil pessoas que se mobilizaram e disseram “sim” a esta onda de solidariedade.
As primeiras acções, recorda Isabel Mendes, começaram em Maio, na Figueira da Foz. Ao longo de meses, especialmente aos fins-de-semana, a família de Vila Nova de Anços contou com a colaboração dos bombeiros voluntários e da Cruz Vermelha, que organizaram acções de recolha de sangue, para fazer posteriormente o teste de compatibilidade ao nível da medula.
Assim, o distrito foi “passado a pente fino”, ao mesmo tempo que o Centro de Histocompatibilidade, a funcionar nos Hospitais da Universidade de Coimbra, recebia um outro conjunto de dadores voluntários, solidários com o jovem de Vila Nova de Anços.
Destaque especial merece uma acção realizada no passado dia 8 de Novembro, um sábado, em que o Centro de Histocompatibilidade abriu propositadamente as portas, de forma a poder receber todos aqueles que durante a semana não tinham possibilidade de ali se deslocar. Durante um dia inteiro as instalações mantiveram-se a abarrotar de gente, vinda dos mais variados pontos da região, com autocarros a deslocarem-se com potenciais dadores que quiseram deixar o seu registo de boa-vontade.
Isabel Mendes não arredou pé das instalações, satisfeita com a adesão de muitas centenas de voluntários que chegaram a todo o momento. Enfermeiros, médicos e assistentes sociais não tiveram “mãos a medir”, para dar resposta a esta verdadeira onda de solidariedade.

Um apelo de esperança
Todavia, apesar de mais de seis mil dadores “rastreados”, a tão ansiada resposta não chegou, pois ainda não foi localizado um dador compatível. Isabel Mendes não perde a esperança, e acredita que é possível “o milagre”. Lembra que, nesta quadra festiva «há muita gente de férias, que eventualmente pode querer juntar-se a esta causa». Faz, por isso, mais um apelo, no sentido de permitir que novos e outros voluntários se dirijam ao Centro de Histocompatibilidade (edifício de tijolo, localizado à entrada dos HUC), e se submetam ao teste. Basta uma pequena amostra de sangue, recolhida depois do preenchimento de um formulário. Aqui reside a última esperança de Isabel Mendes, que agradece, reconhecida, a gigantesca cadeia de solidariedade que se gerou, desde Maio, em redor do filho, infelizmente sem resultados práticos até ao momento.
Entretanto, de acordo com a mãe, a equipa médica que acompanha o jovem está disposta a avançar com a intervenção recorrendo, face à não existência de alternativas, aos pais, que apresentam entre 40 a 50 por cento de compatibilidade. Indicadores que, todavia, o Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, onde se deverá realizar o transplante, entende serem demasiado “curtos”, representando um enorme risco de rejeição, conforme nos esclareceu a mãe, que continua à espera, dividida entre a angústia e a esperança. No “sapatinho” o Menino Jesus não deixou o tão ansiado presente, resta agora que o novo ano traga consigo uma resposta. Ao bater da meia-noite, Isabel Mendes vai engolir as passas com um único desejo no coração: um dador compatível para o filho.

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