terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Imagens valiosas de arte sacra roubadas da Igreja de Covões


Ladrões claramente “especializados” e conhecedores de arte sacra assaltaram na madrugada de domingo a Igreja Matriz da freguesia de Covões, Cantanhede. “Limparam” do altar e espaço contíguo as imagens mais valiosas. Outras, provavelmente de menor valor e/ou sem saída no mercado clandestino não interessaram aos larápios.
Do altar da Igreja, os assaltantes levaram uma imagem de Nossa Senhora, com mais de um metro de altura (1,20m), de madeira maciça, «com mais de 80 anos e de valor incalculável», disse ontem à nossa reportagem Maria Isabel Pires, sacristã da Igreja, que deu pelo assalto logo pela manhã, quando se preparava para abrir a porta lateral do templo.
«Estava toda rebentada pela fechadura e vi logo que tinha sido assaltada. Nem lhe mexi e entrei pela porta principal. Foi, então, quando fiquei com a certeza. Olhei para o altar e vi logo que tinha desaparecido a imagem de Nossa Senhora», contou Isabel Pires.
A sacristã deu mais uns passos e reparou que os prejuízos eram maiores. «Ao lado do altar, à direita, tiraram da parede uma imagem da Rainha Santa Isabel e à esquerda um Anjo da Guarda, as duas em terracota, também muito antigas e de valor incalculável», anotou Isabel Pires, sem disfarçar o seu desgosto. «Nem as igrejas estão livres dos malvados. Valha-nos Deus!», exclamou.
Os larápios ainda violaram o sacrário exposto no centro do altar, retirando-lhe a porta de madeira toda em talha dourada, mas depararam-se com outra porta, esta em ferro e com um código de abertura, que não conseguiram arrombar. «Bem tentaram, mas não conseguiram. Lá dentro [do sacrário] está o cálice do Senhor com as hóstias sagradas e os paramentos sagrados», descreve ao DC a sacristã, acrescentando, ainda, que os ladrões também tentaram arrombar as caixas de esmolas da Igreja.
«Não conseguiram por que estão embutidas nas paredes, as tampas foram reforçadas e não é fácil arrombá-las», conta Isabel Pires.
A nossa reportagem também falou com Fernando Reis, Gabriel Vieira e Manuel Catarino, da Comissão Fabriqueira da Igreja, que estavam perplexos com a precisão do roubo.
«Eles [os ladrões] já sabiam o que queriam levar. A Igreja está cheia de imagens mas só levaram o que pensaram ser de maior valor. Foi um assalto de grande envergadura», sublinhou Fernando Reis, contando que a Igreja Matriz de Covões já sofreu outros assaltos mas de pouca monta, «apenas para roubar as esmolas e decorreram durante o dia», explica, agora, Manuel Catarino, o que motivou esta comissão fabriqueira a reforçar as caixas de esmolas e a embuti-las nas paredes, há pouco mais de dois meses. Por isso os larápios não conseguiram mais do que arrancar as molduras de madeira que ornamentam as caixas de esmolas.
A sacristã, Maria Isabel Pires, acompanhada por uma paroquiana, foi quem detectou o assalto, ontem, por volta das 9h30, altura em que ia abrir as portas do templo. Alertou, de imediato, o pároco da freguesia, padre Henrique Maçarico, e a GNR de Cantanhede.
O padre confirmou às autoridades os objectos furtados e a equipa de investigação dos NIC alertou a Directoria da Polícia Judiciária de Coimbra, a quem compete a investigação deste tipo de crimes.

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